2014-10-05

Crónicas numa Língua de Sal: Um Dia nas Selvagens

Tínhamos  ancorado no dia anterior  após 3 tentativas para encontrar um local em que a âncora se fixasse bem ao fundo de rocha. Encontrado o local seguro e após um descanso merecido de uma noite sem ser interrompida todas as 3 horas por quartos de leme, acordámos cheios de energia. 
Prepara pequeno almoço e farnel para aguentar um dia de atividade em terra, enche pneumático, põe motor, motor não trabalha, tira motor, vai a remos contra um vento forte e para uma terra que estava longe e … finalmente pomos os pés na Selvagem Grande. 
A Ilha estava habitada ! Eram 3 os habitantes da Ilha, um vigilante e duas biólogas, tudo gente boa que gostámos de conhecer e com quem aprendemos muito sobre o arquipélago. Quem nos sabe dizer como se chamará a um habitante da Ilha Selvagem?
Ficámos a saber que as águas ali estão infestadas por um micro-organismo a “ciquetara”  que é comido pelos peixes residentes e que os torna tóxicos. Acontece ainda que quanto maiores são os peixes maior é a sua toxicidade,  quem comer um daqueles apetitosos peixes poderá ficar intoxicado e até morrer. Já tínhamos ouvido falar dessa mesma infestação nas Ilhas Caraíbas.
Mergulhámos numa água quente, com óculos e barbatanas e vimos um espetáculo maravilhoso em que peixes de todos os tamanhos e feitios e cores nos apareciam.  Alguns conhecíamos e conseguimos identificar como são as vejas ou bordião, grandes e bem coloridos, sargos, salemas, um cardume enorme de grandes barracudas e tantos outros que não soubemos identificar. Todos eles registados num pequeno filme que iremos colocar no blog, logo que seja possível enviá-lo.
Depois o simpático Jaques (o vigilante) levou-nos num percurso em torno da Ilha por montes e vales em que visitámos todos os pontos de interesse daquela ilha. Vimos muitos ninhos de cagarras, uns vazios porque os ovos foram comidos pelas gaivotas, outros habitados pelas crias de cagarras que irão ser brevemente abandonados pelos pais que irão para o mar e que os deixarão entregues à sua própria sorte. Então as crias sozinhas terão de aprender a voar primeiro e depois a pescar no mar a fim de se alimentarem e poder sobreviver. 
Foram levantadas e baixadas pedras para podermos ver as osgas “tarentola boettgeri bischoffi”  que é uma espécie endémica e podemos ainda apreciar muitos arbustos entre eles o “monanthes cowei”  de bonitas e cheirosas flores amarelas que também é uma espécie local. 
Por fim visitámos  a gruta do Capitão Kid, que conta a lenda teria aportado aquela Ilha num iate com um tesouro após uma impressionante fuga e despiste de barco pirata e nessa mesma gruta ou noutra por ali perto teria escondido o fabuloso tesouro. 
Após uma caminhada de quase 3 horas chegámos de novo à casa de apoio?? Onde em amena cavaqueira ficámos a saber que o trabalho dos cientistas naquela ilha é o de analisar e controlar o meio ambiente de forma as várias espécies locais se desenvolvam em harmonia. Para que isso se tornasse possível tiveram de exterminar coelhos e ratos trazidos por habitantes anteriores de outros locais e que dizimavam toda a vegetação uns e atacavam os ninhos de cagarras os outros.
Após nos termos apercebido da importância dos vários estudos para o conhecimento da vida selvagem, veio a amena cavaqueira. Donde és tu, donde sou eu, conheces fulano? E beltrano? Sabes que o arquipélago das Selvagens está sob a jurisdição do Parque Natural da Madeira  ….. De onde vens? Para onde vais? Sabes que se está a comemorar os 8 Séculos da Língua Portuguesa  8? Adeus! Até sempre! 

Por do Sol no mar alto

Por do Sol no mar alto
Velas geminadas

Terra à Vista!

Caranguejo

O marco do correio

Osgas

Burriés gigantes

Caranguejo II
Lapas


Centro de receção

O Jolie Brise ancorado na Selvagem Grande

Monanthes Cowei

Cria de cagarra

Planta



Ana e a osga


Na hora da despedida

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